sábado, 7 de maio de 2011

Prisioneiro

A caixa de fósforos caiu da minha mão, molhou a chama que nem acendeu o cigarro. Bebemos da mesma boca até secar a raiz da língua, enjoando as doses prometidas. Aposentei temporariamente a caneta na sua almofada, acabou borrando de azul a ponta dos seus dias. Parecia ter moldado em seus olhos aquela que almeja encontrar em mim. Como se esfarelasse sem lacrimejar, optar ou crer. Prometeu-me roubar rosas do meu quintal todas às vezes que molhasse-me com sal, mas esqueceu as sementes nos planos. Mapeou a futura germinação, traçou a profundidade das raízes prevendo a data das colheitas. Esqueceu os dias de seca, pragas, mariposas invejosas. Talvez não tenha o arado, as cercas ou o calendário para fazer florescer. Talvez... O latifúndio faliu com os meus dias, com o sol, com as regras agrícolas, com os frutos. Desculpe se traí você, cansei de me trair constantemente.

Diana M.

Um comentário:

  1. E ser a própria prioridade é a melhor e mais imprescindível coisa que alguém pode fazer para si. É amar o que se é.

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