segunda-feira, 21 de novembro de 2011




Como se o pássaro inquieto entre as minhas costelas salivasse entre os órgãos, ansiando sair pela boca de ninho. Gosto de palha seca entre os molares, canto que mora na lembrança fina e resistente como pele de ovo. Passarinho que não sabe voar quebra as asas pela heresia da recusa dos seus instintos. É como meu coração que não sabe amar, recusa todos os ensinamentos infantis, cristalinos. A ponta da língua sangra em resposta da briga pela visão do sol. Como se fosse perder o ar, o chão, o restante do dia, o pássaro por entre os dentes rasgando a parede dos meus argumentos sai, voa intensamente mesmo com as asas sebosas pelos resíduos de receio humano. Alcança voo pleno, linear e quente como o meio-dia do relégio. Quase ria dentes para sorrir tamanho contentamento surrealista, orgasmático. Tão rápido, tão vívido, tão puro que nem abriu os olhos em pleno percurso e esfacelou-se no primeiro muro. Mil pedaços se dizeram, catei um a um e engoli a seco. Ele nunca deveria ter saído.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Se atreve?




"É melhor que as drogas, cocaína
de alta pureza, crack...
Cana Índia, LSD, alucinogénos,
cannabis, extasie.
Melhor que o sexo, mamadas, raves
e relações complicadas.
Melhor que a comida,
que a manteiga.
Melhor que Lucas,
no final de 2001.
Que o baile de Marylin,
a Schtroumpfette, Lara Croft...
Que a melhor peça de teatro
alguma vez feita.
Melhor que Jimmy
Hendrix, que Armstrong.
Melhor que sair que dar uma
volta com o Papai Noel
Melhor que Bill Gates, que os trances
do Dalai-Lama.
Melhor que a testosterona ou o colagêno
nos lábios da Pamela Anderson.
Melhor que as drogas
de Rimbaud, de Morrison.
Melhor que a liberdade.
Melhor que a vida."
(Filme - Jeux d'enfants )